Tornado causou destruição no sudoeste do Paraná
- porJuliano Beppler da Silva
- 14 de julho de 2015
- 9 anos
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) confirmou, na manhã desta terça-feira, dia 14, que a destruição que deixou mais de 50 pessoas feridas em cidades do sudoeste do Paraná na segunda-feira, dia 13, foi causada por um tornado.
Um tornado é uma coluna de ar que gira em redemoinho em uma velocidade que pode ultrapassar os 400 km/h. A Escala Fujita, de classificação dos ventos, começa em 65 km/h e chega a mais de 500 km/h. O F0 é o mais fraco e o F5 é considerado o mais forte.
Por meio de análise de imagens, o Sistema Tecnológico Simepar, que atua em parceria com o Governo do Estado, e a Somar Meteorologia já haviam classificado o evento meteorológico como tornado. Porém, ainda não é possível comprovar a intensidade do fenômeno.
Um boletim divulgado pela Defesa Civil Estadual, às 12h30, indica que o número de pessoas atingidas pela chuva em todo o estado passa de 13 mil em 36 municípios do estado.
“O tornado é uma das fases de uma tempestade forte”, explica a técnica em meteorologia da Somar, Patrícia Vieira.
“O fenômeno surge da formação de uma grande nuvem de tempestade, chamada de supercélula, provocada por um grande contraste de massas de ar diferentes, uma quente e uma fria, se chocando e forçando ventos fortes saírem da nuvem, em formato de funil, que toca o solo, funcionando como um aspirador gigante e que vai sugando tudo o que encontra. Mas, diferente de uma tempestade, os estragos são concentrados em pequenas áreas”, completa a especialista.
O meteorologista do Simepar Tarcízio Valentin da Costa destacou que o fenômeno não é comum no Paraná. “Isso é raro. O que acontece é que a tecnologia vem facilitando cada vez mais o registro destes eventos, fazendo a incidência parecer maior.”
“Analisando as imagens, principalmente a forma como as árvores foram arrancadas pelo vento, certamente se trata de um tornado. O que não é possível, por enquanto, é afirmar a intensidade dele”, observou o meteorologista do Inmet Mameds Luiz Melo.
Isso é raro. O que acontece é que a tecnologia vem facilitando cada vez mais o registro destes eventos, fazendo a incidência parecer maior”
Tarcízio Valentin da Costa, meteorologista do Simepar
Nuvem Funil
Ainda na segunda, um morador de Realeza, também no sudoeste, havia registrado a formação de uma nuvem funil. A nuvem tem o formato semelhante ao de um furacão, mas não toca o solo.
De acordo com o meteorologista do Instituto Simepar Samuel Braun, esse tipo de fenômeno é esperado na região por causa das condições climáticas. “Ela [a nuvem] é um estágio inicial de um tornando, mas, além de tocar o solo, ela tem que provocar destruição para se caracterizar um tornado. Porém, a condição meteorológica é favorável para esse tipo de evento”, explicou.
A internauta Josiane Regina Cagol, que mora em Pranchita, na mesma região, também fez o registro de uma nuvem funil que quase encostou no chão. O registro foi feito por volta das 16h de segunda. “Eu estava no meu trabalho, e todos aqui ficaram com medo porque o tempo estava muito feio. Graças a Deus, não causou muitos estragos aqui na região”, disse.
Estragos
Do total de feridos, 19 estavam em Francisco Beltrão e 30 em Mariópolis. A cidade de Vitorino também foi atingida pelo vendaval, mas não registrou feridos. Quinze das vítimas em Francisco Beltrão estavam em uma festa de aniversário em uma casa que foi arrancada pelos ventos que chegaram a 115 km/h, conforme a Somar.
O vento forte também causou estragos no distrito de Agrocafeeira, no município de Matelândia, no fim da tarde de segunda.
De acordo com um dos moradores, Fernando Machado, as rajadas duraram poucos minutos e destelharam algumas casas e barracões. Parte do telhado do Colégio Estadual do Campo Rui Barbosa, da igreja e do ginásio de esportes foi destruída. O vendaval ainda arrancou uma árvore que acabou caindo sobre um carro.
Cidades atingidas
Os municípios atingidos são: Alto Paraíso, Amaporã, Ampére, Apucarana, Araruna, Barracão, Bom Jesus do Sul, Cafelândia, Congonhinhas, Floresta, Francisco Beltrão, Indianópolis, Iporã, Itaperuçu, Jandaia do Sul, Janiópolis, Loanda, Londrina, Lunardelli, Marialva, Mariópolis, Mauá da Serra, Nova Londrina, Ponta Grossa, Pranchita, Roncador, Rondon, Santa Cruz de Monte Castello, Santana do Itararé, Santo Antônio do Sudoeste, São Jorge do Ivaí, São Jorge do Patrocínio, São José dos Pinhais, São Pedro do Paraná e Umuarama.
Chuva continua
Para esta terça, o Simepar prevê mais temporais para várias regiões do Paraná, em especial para o oeste, sudoeste, centro e sul, além da divisa com Santa Catarina. Do centro para o norte e no leste, o sol aparece entre nuvens, e as chuvas – provocadas por uma frente fria que se desloca pelo Sul do país – ocorrem a partir da tarde.
Acredita-se que o acumulado de chuvas que deve cair em algumas cidades possa passar de 100 milímetros. No caso de Francisco Beltrão, a média para todo o mês de julho é de 135 milímetros de chuva.
G1
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