Professora esfaqueada em Bom Retiro do Sul, acabou evitando que estudantes fossem atingidos
- porJuliano Beppler da Silva
- 20 de setembro de 2023
- 1 ano
![](http://girodovale2.hospedagemdesites.ws/wp-content/uploads/2023/09/IMG_20230920_111354-1.jpg)
O ataque com faca, realizado por um estudante na tarde de terça-feira, dia 19, no Colégio Estadual Jacob Arnt (CEJA) acabou ganhando grande repercussão. Uma professora acabou sendo vítima do adolescente agressor de 17 anos, porém a rápida ação dela, pode ter evitado uma tragédia ainda maior.
A professora agredida Magda Aparecida Brenner, que é uma das vice-diretoras, e o diretor do colégio, Rafael José Schuh, concederam entrevista exclusiva ao Giro do Vale e falaram sobre mais esse episódio triste na história da educação.
Espelho quebrado
Pouco depois da troca de turno, aproximadamente 14h, Magda ouviu um barulho de espelho quebrando. Rapidamente ela saiu de sua sala e se deparou com muitos alunos fora das salas de aula, no fundo do corredor há um banheiro, e de lá alguns alunos vinham correndo em sua direção. Ela achou se tratar de alguma brincadeira entre eles, então ela disse, “não é pra correr”, nesse momento lembra que o estudante surgiu na sua frente e desferiu o primeiro golpe que a atingiu no pescoço. Ao perceber que se tratava de um ataque, ela começou a gritar, e nisso recebeu o segundo golpe que perfurou sua bochecha. Na sequência o jovem ainda acertou uma facada de raspão em sua cabeça, e então ela conseguiu segurar a faca com a mão, onde também acabou ficando ferida.
Enquanto ela segurava a faca e o agressor, o diretor da escola chegou e imobilizou o estudante, conseguindo afastar a arma branca utilizada no ataque. Após alguns minutos, o jovem foi levado até uma sala onde permaneceu até a chegada da Brigada Militar e Conselho Tutelar.
O agressor é aluno do CEJA no turno da manhã, e estaria realizando atividades de contraturno na escola. De acordo com algumas testemunhas, em uma atividade pela manhã, algumas pessoas teriam brincado com ele durante uma atividade, o que não teria o agradado, e a tarde durante outra atividade escolar o fato teria se repetido, e isso pode ter sido o estopim para ele tomar tal atitude.
Provavelmente ele estivesse se deslocando com a faca para vitimar algum outro aluno, ou alunos da escola, e a rápida ação da professora em verificar o que estaria ocorrendo após o barulho de espelho quebrado, pode ter evitado algo ainda pior.
Pânico nas salas de aula
Outras professoras e alunos ao perceberem os gritos, e verem a cenas, fecharam as portas e trancaram com mesas e cadeiras, “Não sabíamos o que ele poderia fazer, se viria para as salas atacar quem estivesse nelas”, relatou uma estudante.
Agressor era quieto
Todos os relatos dão conta de que o aluno que esfaqueou a professora era um jovem quieto. “Eu mesma tinha pouco contato com ele, pois sou vice-diretora no turno da tarde, e ele estuda pela manhã, somente nesse dia vem no contraturno. O que via dele era um jovem quieto e sempre andando com moletom de capuz e cabeça baixa”, lembra Magda.
Além de estudar, o jovem de 17 anos também trabalhava durante meio turno em um atelier de calçados. Os relatos de alguns de seus colegas também vão no mesmo sentido, de se tratar de alguém de pouca conversa, sem muita interação.
Nota da SEDUC
Uma nota da Secretaria Estadual da Educação (SEDUC) foi divulgada ainda no final da tarde do dia da ocorrência. Confira o que diz a nota na íntegra:
“Sobre o ocorrido no Colégio Estadual Jacob Arnt, de Bom Retiro do Sul, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) informa que a profissional da área da educação envolvida recebeu atendimento médico imediato e passa bem.
A equipe diretiva também acionou o Conselho Tutelar, a Brigada Militar e os responsáveis pelo aluno para os devidos encaminhamentos.
O trabalho preventivo contra a violência escolar também ocorre de forma articulada com as Coordenadorias Regionais de Educação (CRE), com as equipes diretivas, professores e demais membros da comunidade escolar de cada região.
Também há, nas escolas estaduais, as CIPAVEs (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar), que trabalham em parceria com as demais secretarias de governo, com atividades de conscientização e orientação.”
Falta de apoio
Além de todo o trauma vivido com essa grave situação, a professora relata a falta de apoio do Estado. “Até o momento não recebi sequer um telefonema de algum representante, seja da CRE ou da SEDUC para saber como estou. Isso reflete muito a situação que nós estamos vivendo diariamente nas escolas, a falta de estrutura mínima para lidar com essa e tantas outras situações. Município e Estado tem que dar uma melhor atenção para a saúde mental desses jovens e adolescentes”, reclama.
Sobre as CIPAVEs que a SEDUC ressalta existirem nas escolas estaduais, Magda e o diretor Rafael relatam que o sistema de registro de ocorrências é objetivo e rápido para relatar os casos, porém efetivamente não se vê resultado depois disso. “Nesse tipo de ataque, por exemplo, uma comissão não pode fazer nada”, destaca a vítima.
Como ficam as atividades escolares?
Até o fechamento desta matéria, a direção da escola não havia recebido uma posição definitiva da CRE ou da SEDUC sobre as atividades escolares na quinta e sexta-feira, após o feriado. “Seguimos aguardando um posicionamento dos superiores, até porque além das atividades normais, temos agendados uma mateada e jogos interséries para esta semana”, relatou o diretor.
Agressor recolhido à FASE
O jovem que esfaqueou a professora, foi encaminhado ainda na terça-feira, dia 19, para a Polícia Civil, que representou pela sua internação na ala psiquiátrica da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do Rio Grande do Sul (FASE). O pedido foi avalizado pelo Ministério Público e teve autorização da justiça.
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Comentários
Lilian Locatelli
20 setembro, 2023Olá,
A Fase não tem setor psiquiátrico. Adolescentes que apresentam problemas mentais são encaminhadas ao hospital.
gustavo
20 setembro, 2023Eu era amigo dele, mesmo que ele era quieto nunca achei que isso poderia acontecer. Espero que tanto a professora Magda e ele melhorem.
Ledi
21 setembro, 2023Sinto muito pelo ocorrido! Não passo a mão na cabeça desse menino mas pela entrevista percebi q estava sofrendo abuso por colegas isso não é legal. E pode sim desencadear um surto em uma pessoa q já não está bem. Acredito q esses alunos q abusaram dele com palavras também deveriam sofrer consequências. Melhoras a prof. E parabéns pela sua agilidade
Carmen Scheeren
21 setembro, 2023É lamentável o desrespeito com os professores isso prova a decadência famíliar e o com os colegas e funcionários os Professores merecem todo o nosso Respeito e Admiração.