Delcídio cita Renan Calheiros e Aécio Neves em delação, dizem jornais
- porJuliano Beppler da Silva
- 9 de março de 2016
- 9 anos
A delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS) contém referências a parlamentares integrantes das cúpulas de PMDB, PSDB e PT, segundo informações obtidas pelos jornais Folha de S.Paulo e O Globo. Entre os nomes estariam o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Edison Lobão (PMDB-BA), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO) — todos já investigados em inquéritos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Delcídio teria feito também referências ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), já citado pelo doleiro Alberto Yousseff e pelo transportador de valores Carlos Alexandre Rocha, o Ceará. Neste caso, os procedimentos com menções ao presidente do PSDB foram arquivados.
Sobre Renan, Delcídio confirmou a atuação do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) em nome do senador. Inquéritos na Lava-Jato apuram essa relação.
Na semana passada, a revista IstoÉ publicou trechos do depoimento de Delcídio em que o petista afirma a investigadores que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — alvo da 24ª fase da Lava-Jato na última sexta-feira — e a presidente Dilma Rousseff se envolveram diretamente em tratativas para atrapalhar o andamento das investigações sobre desvios na Petrobras.
O depoimento do senador ainda está na Procuradoria-Geral da República (PGR), aguardando um ajuste solicitado pelo relator dos processos da Operação Lava-Jato no STF, ministro Teori Zavascki, que deverá homologar a delação premiada de Delcídio.
Delcídio Amaral foi preso sob acusação de tentar obstruir as investigações da Lava-Jato. Ele ofereceu R$ 50 mil por mês e um plano de fuga para que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fechasse acordo de colaboração com o Ministério Público. O filho de Cerveró gravou a conversa e entregou o áudio à Justiça, o que resultou na prisão em flagrante do senador. Segundo a reportagem da revista IstoÉ, Delcídio teria dito que tomou a iniciativa a pedido do ex-presidente Lula.
O parlamentar ficou quase 90 dias e foi solto no último dia 18, sob condição de fazer recolhimento domiciliar, podendo sair de casa apenas para trabalhar no Senado. Delcídio nem chegou a retornar à Casa legislativa, porque apresentou o pedido de licença médica logo em seguida. Na última sexta-feira, dia 4, ele pediu mais 15 dias de licença.
Contrapontos
De acordo com a Folha, a assessoria de Aécio Neves afirmou que não iria comentar a citação pela falta de “informação concreta” sobre o envolvimento do senador com Delcídio. Ao jornal O Globo, Renan sustentou que nunca autorizou, credenciou ou consentiu que seu nome fosse utilizado por terceiros¿.
A assessoria de Jucá informou que ele não comenta citações em documentos aos quais não tem acesso. Raupp negou envolvimento em crimes.
“Os delatores estão ficando louco, falam qualquer coisa para sair da cadeia. Se falou meu nome para além das relações no Congresso, mentiu” disse ao O Globo.
Já advogado de Lobão, Antonio Carlos de Almeida Castro, admitiu que conhecia a citação.
“Até agora, todas as citações nas delações não o incriminam. Citam o nome dele, imputando conversas sobre campanhas eleitorais. Não vejo imputação de crime nisso” afirmou Castro.
Procurado pelos repórteres dos dois jornais, a defesa de Delcídio voltou a negar o conteúdo da delação.
“Não reconhecemos nenhum documento que está sendo divulgado” afirmou o advogado Antonio Figueiredo Basto.
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